sexta-feira, 24 de julho de 2009

 


de Edgar Allan Poe

Não fui, na infância, como os outros e nunca vi como outros viam.
Minhas paixões eu não podia tirar de fonte igual à deles;
e era outra a origem da tristeza, e era outro o canto,
que acordava o coração para a alegria.

Tudo o que amei, amei sozinho.

Assim, na minha infância, na alva da tormentosa vida,
ergueu-se, no bem, no mal, de cada abismo,
a encadear-me, o meu mistério.

Veio dos rios, veio da fonte, da rubra escarpa da montanha,
do sol, que todo me envolvia em outonais clarões dourados;
e dos relâmpagos vermelhos que o céu inteiro incendiavam;
e do trovão, da tempestade, daquela nuvem que se alteava,
só, no amplo azul do céu puríssimo, como um demônio,
ante meus olhos.

Nenhum comentário: